Resenha crítica do conto: Felicidade pelo casamento
ASSIS,
Machado de. Felicidade pelo casamento. LITERATURA BRASILEIRA Textos
literários em meio eletrônico.
Assis
escreve seu conto em primeira pessoa, sendo narrador protagonista da
história. Os acontecimentos inicia na adolescência do personagem
que não se identifica com nome, simplesmente diz pertencer ao seu
nome a letra F. Nesta fase de adolescente, tem gostos diferentes de
outros da sua idade, pois costumava passar seu tempo na solidão e em
companhia dos livros. Se mostra independente nas questões do
coração, pois seus tios queriam que ele se casasse com sua prima,
mas ele nunca nutriu nenhum sentimento de amor pela mesma. O escritor
mostra um protagonista que reflete sobre a vida, nos aspectos tanto
afetivos quanto espirituais, pois o mesmo lê a bíblia e se depara
com os conselhos de Salomão em Eclesiastes: “Há
tempo de nascer e de morrer. Há tempo de plantar e tempo de colher.
Há tempo de enfermar e tempo de sarar.” Sua esperança era que o
tempo de amar chegasse
logo, porém esse tempo estava demorando vir,
por isso vivia filosofando que as duas certezas da vida eram nascer e
morrer, o
resto não temos certeza de nada.
Murmurava sobre a verdade nas afirmativas que “colhemos o que
plantamos”, ele tinha plantado somente coisas boas, mais não
conseguia ver a colheita na recepção de um amor na sua vida. Ele
ansiava por esse momento, sonhava que ela havia chegado, mas na
realidade estava ainda abandonado na solidão. Estava prestes a
viajar para outra cidade quando ficou de cama doente. Vemos o quanto
não somos donos do nosso destino, pois a qualquer momento as coisas
podem mudar de rumo em nossa vida. Depois que o protagonista ficou
doente, conheceu o doutor que levou a conhecer sua filha Angela, a
mulher que o protagonista se apaixonou. Não a primeira vista, pois
como era esperto e inteligente estudou a vida da moça, sua amizade
com Azevedinho e depois de algumas conclusões, percebeu que já a
amava. Apesar dessa união ser arranjada pelo pai, Angela também
nutria o mesmo sentimento pelo protagonista, vez que a moça nunca
deixou transparecer esses anseios. Por isso, o protagonista teve que
ser audacioso em perguntar a moça se ela nutria o mesmo sentimento
por ele. Ângela teve dois pedidos de casamento no mesmo dia, um do
protagonista outro de Azevedinho, aceitando o primeiro para ser seu
esposo. Percebemos que o protagonista apesar de ser bem-dotado
de valores éticos e agraciado por uma vida da alta sociedade por ser
rico, nutre uma certa discriminação pelo seu rival, como vemos
nesta e em outras passagens, Assis pg. 11: “… e a ideia de que
não devia lutar com um homem que eu julgava moralmente inferior a
mim, acabaria por triunfar em meu espírito.” E no pedido de
casamento onde o viu derrotado pelo não de Ângela, riram dele os
dois, como se o pobre coitado não tivesse sentimentos. No entanto,
apesar desse episódio negativo, chegou o tempo que o protagonista
tanto esperava, o tempo de amar. Se casou com Ângela, ganhou dois
grandes amigos e foi viver próximo a sua mãe que tanto amava.
Assim
vemos a resposta do tema dado ao conto, “Felicidade pelo casamento”
é quando se espera a hora certa para que o amor bata a porta e
queira ficar. Talvez nem todos consiga viver Eclesiastes 3, 1:
“Tudo
tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito
debaixo do céu.” Seu
tempo de amar havia
chegado. Talvez
muitos não consigam esperar o tempo de amar e perseguem um amor
falso, cheio de ilusões, amor esse que o protagonista teve o cuidado
para não viver. Esperar o amor é deixar estar na solidão, não
lutar contra o tempo em que vive, pois todo o tempo
tem um propósito na vida e é preciso vivenciar cada um deles com
sabedoria, basta aceitá-lo, e logo virá o tempo de ser feliz. Essa
sabedoria Clarice Lispector soube recitar em seu poema “ISSO
É MUITA SABEDORIA”:
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.
O
amor verdadeiro é aquele espontâneo, recíproco, inevitável, que
pulsa em dois corações ao mesmo tempo, e anseia jamais abandonar um
ao outro. Casar-se com a mulher amada é continuar depois
de muitos anos a enamorar-se dela, é
desvendar seus valores, suas aspirações mais escondidas é perceber
que a felicidade está
em
fazer a pessoa amada feliz. É o que vemos na vida do protagonista
que diz ter passado cinco anos de união com sua amada, e continuava
a descobrir suas qualidades. O homem feliz é aquele que consegue
perceber que na sua família se encontra o berço de vida, paz,
esperança, harmonia e felicidade. Basta
ter foco e saber escolher as pessoas certas para se relacionar.
Joaquim
Maria Machado de Assis, conhecido como Machado de Assis, foi um
renomado jornalista, escritor de poesia, romance, crônicas e teatro.
Nasceu
no Rio de Janeiro aos 21 de junho de 1839, vindo a falecer em 29 de
setembro de 1908. Fez parte da Academia Brasileira de Letras sendo
presidente da mesma por muitos anos. De suas inúmeras obras, as que
mais se destacam são:
-
Ressurreição, (1872)
-
A mão e a luva, (1874)
-
Helena, (1876)
-
Iaiá Garcia, (1878)
-
Memórias Póstumas de Brás Cubas, (1881)
-
Casa Velha, (1885)
-
Quincas Borba, (1891)
-
Dom Casmurro, (1899)Sendo a obra “Dom Casmurro” que se destaca pelas grandes polêmicas entre os leitores e críticos literários sobre a grande verdade da história que o autor não deixa definido.
Referências
Bibliográficas:
Dados
disponíveis em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000089pdf.pdf.
Aceso em 03 de out. 2017.
Rosane Martins, acadêmica do
curso de Letras Português pela UnB (Universidade Federal de
Brasília).